sábado, 13 de março de 2010

Bom Dia

Uma segunda-feira de manhã, acordo apenas pensando: “terei um dia como outra qualquer, vou pra escola ver os professores que são maus comigo e depois vou trabalhar com meus pais, na mesmice de sempre, para então voltar para casa, tomar banho, jantar e ver televisão”. Porém não foi bem esse o desenrolar dos acontecimentos.

Logo na escola, antes mesmo de começar a rádio, fico sabendo de algo que mudou totalmente minha manhã: teríamos nossa primeira aula laboratório extraordinariamente nessa segunda-feira, pois na quinta-feira, dia marcado pelo horário para essas aulas, teríamos nosso recanto. Para sorte da maior parte da sala que esquecera completamente disso, assim como eu, não precisava levar nada para fazer a experiência, porém a presença do jaleco era indispensável. Assim sendo, fui atrás de um na sala ao lado e consegui. Estava completamente orgulhosa de mim, e quando finalmente chegou a aula, estava com “meu” jaleco em mãos. Meu orgulho só não foi maior que o da professora que meu deu um ponto positivo por isso (na verdade, ela deu positivo para todos com jaleco, fato que pode, convenientemente, ser desconsiderado). Contudo, acredito que esse sentimento bom que a professora teve pela minha pessoa logo passou, e digo isso porque achei que ela ia me bater, porque eu estava, pelo que pude entender, falando demais.

Então vamos pular para o fim da manhã, após todas as aulas, quando fui informada de que haveria esporte para as meninas dos 8º e 9º anos. Logicamente, eu não estava sabendo de nada, pois estou do 3º ensino médio, mas até o ano passado, às segundas-feiras, o ensino médio também tinha esporte. Esse ano, entretanto, não tenho esporte, educação física ou qualquer incentivo a esportes, o que realmente me incomoda, e foi por isso que avisei minhas amigas que deveríamos voltar a escola aquela noite, para recuperar o que é nosso, e duas de minhas fieis escudeiras aderiram prontamente ao meu chamado, ficando então combinado que estaríamos na quadra às 20hrs, quando o esporte começaria.

Antes disso, porém, ainda tinha um item para riscar de minha lista do dia: trabalhar com meus pais. Graças à prática esportiva no fim do dia que, convenientemente, esqueci de informar aos meus pais que não seria destinada a minha faixa etária, voltaríamos para casa do trabalho um pouco mais cedo, aproximadamente às 18h30min, o que representava um grande avanço. Depois de um tempo contando peçinhas minúsculas com minha mãe, um cheiro muito incomodo invadiu nosso local de trabalho e logo o identificamos como ‘cheio de queimado’. Mamãe foi à janela e imaginou que a loja ao lado pegava fogo, e essa suspeita foi confirmada com a chegada de um caminhão de bombeiros. Ignorando meus apelos, continuamos na sala, localizada no 7º andar de um prédio antigo, mesmo sabendo que, a qualquer momento, esse poderia estar em chamas como seu vizinho, e o que me restou a fazer foi tentar ver a água que os bombeiros usavam para apagar o fogo, ou ainda, ver o próprio fogo. Para minha desilusão, constatei que no Brasil (ou talvez, na vida real) os bombeiros não sobem em uma escada enorme e jogam um monte de água na janela do prédio em chamas como vi nos filmes, e infelizmente, tudo que vi foi fumaça, muita fumaça, mas como dizem, ‘onde há fumaça, há fogo’, então me contentei com isso mesmo, e continuei na minha incansável espera pela hora de partida.

De repente, meu pai diz da outra sala: ‘se quiserem, podem ir se aprontando para irmos embora’. Foi nesse momento que meus olhos brilharam e eu percebi que ainda havia uma esperança nesse mundo de caos. Terminamos a contagem que estava em andamento, arrumamos tudo e partimos com apenas um objetivo: jogar handebol. Bem, acredito que apenas eu tinha essa ambição, mas mesmo assim, não posso deixar de relatar fato tão importante que não saia da minha cabeça; depois de tanto tempo, finalmente, após aproximadamente três meses, voltaria a jogar o jogo que eu amo, que me dá forças para viver, que me deixa plenamente feliz. Mal podia esperar para pegar a bola, no campo de defesa, correr até as proximidades da linha pontilhada, dar dois, três passos grandes e rápidos com a bola na mão direita enquanto a mão esquerda garante que a mesma não caia enquanto levanto o braço direito acima da cabeça para aumentar a potência, e tudo isso enquanto eu pulo, pulo e paro no ar, para então olhar nos olhos da goleira e jogar a bola com toda a minha força no canto inferior esquerdo do gol, ou então, jogá-la delicadamente no canto superior direito, encobrindo sutilmente a pobre garota encarregada de defender aquele gol, gol que me atrai como mel atrai o ursinho Poof. Era só isso que estava na minha cabeça naquele momento.

Quando finalmente acordei de meus devaneios, meu pai já estava parando em frente à garagem, para que, em casa, eu me trocasse e então ele e minha mãe pudessem me levar à escola, onde meus sonhos se realizariam.

Cheguei um pouco cedo, então esperei que as meninas menores terminassem seu jogo, e finalmente entrei na quadra, peguei a bola protagonista de minhas visões e a abracei, um abraço de duração igual o tempo que levei para perceber uma garota me observando nesse momento constrangedor, então me recompus, afastei-me da área e fiz com que meu delírio tornasse-se realidade, isso mesmo, fiz um golaço. Logo mais minhas amigas chegaram e fomos muito bem recebidas pelo professor, que se comprometeu a conseguir um horário realmente nosso, para não precisarmos invadir o esporte daquelas crianças adoráveis que, quando me vêm correndo para fazer um gol, morrem de medo e afastam-se daquele lugar entre as traves, tirando completamente a graça de marcá-lo.

E foi assim que uma segunda-feira com tudo para ser medíocre, como outra qualquer, tornou-se um dia maravilhosamente espetacular e essencial para minha vida. Um dia que começou com um pensamento: ‘Tenho que acordar, tanto pra fazer, tudo que eu já sei de cor’ e terminou com um ensinamento: ‘Sem me preocupar com o amanhã sigo sem adivinhar’. Por isso não dá para se entregar à rotina a qual nos acostumamos.

PS: o último parágrafo foi baseado na música ‘Bom Dia’, da banda carioca Scracho. E lembre-se: ‘Scracho é o bicho, mané’.

5 comentários:

  1. boliinho, você escreve muito bem meu *-* mto profundo seus textos! haahhaa aa vc é muito foda . . e eu queria nosso esporte juunto ;/ ' mais é isso ai, a gente vai ta juntas sempre! te aaamo bolo, s2 by laaari.*

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  2. é isso aê xuxu, juntas, seempre ! amo muiito ♥

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  3. vse escreve maravilhosamente beeeeem!
    parabéns pelo blog! continues assim :)

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  4. AAA voce escreve extremamente bem *-*
    Formal formal haha !
    Lindo lindo aqui !

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  5. valeu gente, bom saber que vocês curtem =D

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